domingo, 8 de julho de 2012

Review : Rocket Knight Adventures


Os idos anos 90. Muitos de nós no seu início éramos meras crianças ou, em alguns casos, ainda não existíamos. Uma década de mudança na nossa história mais recente, tão perto e ao mesmo tempo tão longe. A Internet era ainda incipiente, os telemóveis eram verdadeiros tijolos e caríssimos, as cassetes de áudio e de video imperavam. No Leste Europeu, os diferentes regimes socialistas colapsam e  o capitalismo anuncia, triunfante, o fim da história e um futuro radioso sob a égide da exploração do trabalho e acumulação de capital. Era o fim da Guerra Fria e o início de uma nova era.

Foi também o início da era dos 16bit, com a chegada ao mercado da Snes e Mega Drive, da Nintendo e Sega, respectivamente. Uma era de guerra acesa pela supremacia a nível mundial, sendo que dois dos grandes trunfos de ambas as companhias eram as suas mascotes e os jogos em que estas eram protagonistas, que sempre levantavam a fasquia de qualidade a alcançar por produtoras externas. Uma dessas companhias, e das que detinham séries e títulos de elevada qualidade, era a Konami que, em 1993, edita Rocket Knight Adventures para a Mega Drive. Apesar de relativamente desconhecido, este é sem dúvida um dos grandes títulos da consola da Sega


Rocket Knight Adventures pode à primeira vista parecer um jogo banal, apenas mais um dos muitos jogos de plataformas que encheram o catálogo de ambas as consolas. Contudo, basta jogá-lo um pouco para logo se constatar que este jogo tem algo de especial e que não é apenas mais um para fazer número.


Em Rocket Knight Adventures controlamos Sparkster, um opossum cavaleiro do reino de Zebulos. Durante uma invasão do reino por parte do império Devontidos, Axel Gear, um antigo cavaleiro do reino como Sparkster mas agora renegado, rapta a princesa do reino, Sherry, e cabe a Sparkster resgatar a princesa e derrotar os planos mais obscuros dos vilões. A premissa é simples e, como justificação para a acção, é mais do que adequada.

A jogabilidade parece igualmente simples, com um botão para saltar e outro para atacar os nossos inimigos com a nossa espada. A espada, sempre que a usamos, lança um género de boomerang em energia, prolongando assim o alcance do nosso ataque.

Contudo, há um elemento novo na jogabilidade. Sparkster transporta consigo um jetpack  que lhe permite, assim que o carrega, voar em alta velocidade numa direcção determinada por alguns momentos. Para isso, basta manter premido o botão de ataque e esperar até que a barra do jetpack, que se encontra por cima da de energia, se encha. Posto isto, basta soltar o botão e ao mesmo tempo carregar numa direcção no D-pad. Se simplesmente se largar o botão após a barra estar cheia, a personagem fica a rodar sobre si mesmo durante uns instantes, ficando desta forma imune aos ataques dos inimigos.


A existência do jetpack e o seu uso em várias partes do jogo é obrigatório devido ao level design. Mas fora do uso obrigatório, permite-nos encontrar vidas e outros items ou simplesmente percorrer o cenário de forma mais rápida. Pode igualmente ser usado como forma de ataque para, por exemplo, eliminar vários inimigos de uma só vez. É no fundo uma boa adição à jogabilidade e que dá identidade ao jogo.

Os níveis no jogo são variados não só nos cenários por onde passamos, desde castelos, florestas, cavernas, o espaço, entre outros, mas igualmente na forma de jogar os mesmos. Rocket Knight Adventures é na sua essência um jogo de plataformas mas podem contar com alguns partes de níveis em formato shoot'em up horizontal. Há inclusive, numa parte específica do jogo, um combate mano a mano com dois mechas gigantes, controlados respectivamente por Sparkster e Axel Gear. Estes momentos não só estão bem conseguidos como ajudam a dar diversidade ao jogo.

Outro do campos em que a Konami se esmerou foi na sonoridade, com um excelente resultado. Esta é muito diversificada, com muitos dos níveis a ter mais do que uma melodia no decorrer do mesmo, e todas de grande qualidade. De igual modo, os diferentes efeitos sonoros estão muito bons. Por aqui se pode constatar que a Konami não se ficou por criar um jogo genérico, demonstrando empenho não só a criar uma identidade própria, mas de igual modo a proporcionar ao jogador uma excelente realização técnica.


Não podia deixar de falar de excelência técnica sem mencionar o grafismo, talvez o campo em que o jogo mais se destaca. Este está, de facto, soberbo! Os cenários, além de variados, estão muito detalhados e coloridos, cheios de pormenores no background. Os sprites das personagens estão muito bem animados e, especialmente o protagonista, muito expressivos, apresentando um tamanho razoável no ecrã e muito detalhe. O jogo até apresenta pequenas cutscenes entre alguns níveis! É notório o trabalho aqui realizado pela Konami, por certo não serão assim tantos os jogos nas 16 bit com melhor aspecto.

Há que mencionar ainda a dificuldade. Esta apresenta um bom desafio e não é nada fácil chegar ao fim do jogo, mesmo na dificuldade menos elevada. Quem estiver disposto a um bom desafio retro por certo que o encontra neste jogo.

Com a produção e lançamento deste jogo, a Konami uma vez mais comprovou a qualidade da sua equipa e dos jogos produzidos por si na era 16 bit, como já antes era notório em séries como Castlevania e Contra. O jogo pode ter passado despercebido para muita gente devido ao sucesso de Sonic e outras séries e títulos na 16 bit da Sega. Contudo, quem lhe der a oportunidade, vai aqui encontrar um título muito especial, excelente a todos os níveis, uma pequena obra prima da Konami e um dos melhores títulos não só da consola da Sega, mas de toda a geração 16 bit. Obrigatório!



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